quarta-feira, março 23, 2011

Insónia - parte 2

Hoje é justificada. Plenamente. Um abre-olhos de magnitude 9.5 na escala FUBAR vai dar-me insónias para uma semana. Nada de novo, tenho vindo a fazer o aquecimento para isto há meses. Situação criada por uma clara tendência para o masoquismo emocional, e pela recusa em aceitar que há que às vezes os problemas não são problemas, mas sim, inevitabilidades. Mas vamos lá, na vida a ser tudo segurinho também se torna um bocado chato, e ver problemas resolvidos dá uma certa satisfação. Já perseguir unicórnios é engraçado, sim, mas não há unicórnios. Eu quero um unicórnio. E por vezes vejo-os passar, como um pedaço perfeito de universo. E corro atrás, cegamente. Tão iludido com a subtileza do seu galope que me esqueço que é um mito. A ilusão é tão real que lhe chego a sentir o macio das crinas por entre os dedos. Que posso dizer? Gosto de unicórnios. Mas não existem.

segunda-feira, março 21, 2011

Insónia, parte 1

Vai já longa a noite e os meus olhos ainda não descansam. Em tempos caminhava pela rua para combater a insónia. Antes disso era a música. Com o passar do tempo todas as doenças ganham a sua resistência à cura, e a insónia tornou-se companheira de muitas noites. Fecho os olhos e oiço os passos do ponteiro dos segundos. Cães, mochos, rolas, grilos... O mundo lá fora não dorme. Sossega, silencioso, mas não fecha os olhos. Melhor assim, sempre tenho companhia.

terça-feira, março 15, 2011

Still here...

E vai daí que já nem me lembrava que tenho um blog... Blog, não sei se é essa a definição correcta para isto. A dada altura na vida reparei que normalmente quando tenho algo que dizer já alguém o disse, e melhor que eu, por isso opto por partilhar músicas que reflectem estados de alma. E a bem dizer a vida não passa de uma série de acontecimentos que são afinal resumidos nisso: estados de alma.
Ultimamente tenho sentido coisas que já não lembrava. Por instantes, em certos dias, sinto que voltei atrás no tempo em mim, apesar do tempo que passou. E se por um lado me assusta o tempo que passou, conforta-me reparar que houve partes de mim que, ainda que adormecidas, não se foram. É bom sentir-me jovem mas é mau constatar que tenho 30. É bom saber que ainda tenho a frescura de espírito para aceitar certas coisas mas detesto ver que não tenho paciência para outras.
Estou a crescer, a adaptar-me... Mas nesta sucessão de conquistas e perdas é difícil manter os olhos na bola. O jovem que se torna homem deve abandonar partes de si, e completar-se com novos sonhos e desafios. Crescer é isso, viver é isso. Deixar para trás o que foi, seguindo em frente e apanhando novos pedaços de vida. Eliminar o que está a mais, o que está gasto mesmo sendo positivo e saber agarrar as pequenas dicas da vida, transformando-as em algo concreto e sólido. Manter o organismo completo e funcional. No ritmo certo.
Triste metáfora a minha. A vida é uma máquina imperfeita.