sexta-feira, novembro 23, 2007

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Fui jantar fora. Durante a refeição recordei momentos da infância, que apesar de terem apenas 20 anos são surreais aos olhos de hoje em dia. O dia em que três putos se decidiram a ser os primeiros a dar o mergulho nesse ano, era então início de Março na ribeira da Pouca Farinha, 4 da tarde. Em cuecas na água a sentir o primeiro choque térmico de uma vida. E o emprestar as LA Gear ao vizinho que nao podia tê-las, mas só até à Menina "Celestre", para ninguém saber.
É impossível não recordar o Outeiro da minha infância. Eu, os Pombinhos, Fortunatos, Chirinéus, Caldeiras, Alhos, Gretas, e tantas outras figuras, velhas e novas que ali passavam. A passagem de ano com o fogo de artifício emigrante, o cheiro a rosmano, as gritarias dos vasos, os panêlos! As tardes de Verão, as noites de Verão do Gerrum-Guerrum até à uma da matina, putos de 6 anos! Tudo desapareceu.
Hoje em dia a pouca animação da rua vem da Ajuval. Quando tinha 5 anos todas as casas eram habitadas, conheço-as a todas. Agora estão vazias. O Maricho, a vizinha Gertrudes, a vizinha Maria José, a minha madrinha Maria da Conceição, que vendia catecismos, o Tó Francisco e a mulher, o Tó Taraia e a mãe, o Latas. Todos se foram. O Outeiro é agora dos gatos e cães vadios que ali sobrevivem dos restos dos restantes, dormindo nos velhos colchões de palha que resistem nas casas velhas, que já eram velhas quando os derradeiros donos as ocuparam. Resta a padaria, e os seus velhos clientes, os últimos, que também hão de partir, para deixar as sinuosas ruas entregues ao vento e aos perdidos que por ali passam, e os gatos e cães vadios também hão de partir, porque não haverá restos. É pouca a juventude para tanta velhice.
Jaz sobre a calçada moderna, a calçada romana que eu já não recordo, desapareceram os campos de berlinde, até as luzes já são amarelas...
Hoje em dia cruzo-me com alguns da infância, no tasco e recordamos brincadeiras da infância, a malta, os cotas mais ruins... Um tempo que já passou, que hoje parece impossível.
Impossível esquecer também a tarde de Verão, na Várzea, em que ouvimos o sino da torre bater a primeira, e nos calámos para ouvir o resto. Eram três da tarde, e o dia era gigante ainda. E o Açude era já ali.

12 comentários:

Anónimo disse...

Lindo...gostei muito mas as LA Gear deviam ser minhas.

tito_c disse...

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Anónimo disse...

Muito bem Valter, se me permites chamar-te pelo teu verdadeiro nome. Eu também tenho saudades de muitos tempos vividos e passados nessa minha aldeia à beira serra plantada. Tenho saudades dos meus amigos, dessa ruas com vida nas noites em que a malta se juntava para festejar o que havia para festejar; das idas em grupo ao açude, ao campo de futebol... e muito haveria para contar.
É um prazer estar a falar destas coisas. Recordámos momentos vividos e fechados dentro de nós para todo o sempre. Momentos que dificilmente a malta irá reviver, só quando formos velhinhos e nos encontrarmos por alguma ocasião especial, para festejar o que houver a festejar...
Abraço Alexandre

Anónimo disse...

Amigo Tito C, a vida, infelizmente não pára, umas vezes dá-nos alegrias, outras, muitas, dá-nos tristezas. São os ciclos da vida, um jogo patético em que à partida sabemos o nosso destino comum, independentemente desconhecermos a forma com esse ciclo irá terminar. A nossa aldeia é um espelho das nossas vidas: o tempo acaba sempre por ganhar!

Anónimo disse...

A vida continua
Mesmo que a rua
Não tenha viv´alma.

As tuas preocupações
São partilhadas
por muitas gerações.

Mas tudo viverá
Enquanto um de nós
Existirá!

Anónimo disse...

Mas continuo a achar que ele não quer comentar no seu próprio blog por vocês serem uns chatos para ele!!!

tito_c disse...

E ele a dar-lhe...

Johnny disse...

Vou copiar isto. A net é de todos, tal como o ar e não me podes impedir. Toma, toma!

Anónimo disse...

Boa semana para todos, sem excepção!!!

Anónimo disse...

Já agora,regressando ao porno, aqui vai uma pequena história que me ocorreu.
Quantos alentejanos são precisos para fazer um filme porno?
São precisos oito: dois na cama (macho e fêmea, evidentemente!) e seis para abanar a cama.
Quanto valverdenses são precisos para o mesmo filme?
São precisos oito também: dois na cama ( macho e fêmea, como é óbvio!) e seis para... segurá-la.

Anónimo disse...

anedota do cccp, ainda não me entendi muito bem com este novo esquema.

tito_c disse...

Hehehe!!! Essa faz-me lembrar as batidas "à gaja" à discoteca de Penamacor! Ai... Bons velhos tempos...